A piora do quadro do desemprego geral produz um agravamento ainda mais sério do desemprego dos jovens.
No trimestre terminado em maio de 2016, o desemprego geral atingiu a marca de 11,2% - bem superior aos 8,1% registrados no mesmo período em 2015 e aos 7% de 2014.
Atualmente, são quase 12 milhões de pessoas desempregadas - cerca de 3,5 milhões a mais do que o número auferido no ano passado. O desemprego entre os jovens, que já era muito alto em 2015 (23%), aumentou ainda mais em 2016 (29,4%).
A "explosão" decorreu de um forte aumento do número de jovens que passaram a procurar trabalho - com o agravamento da crise econômica, as finanças das famílias foram atingidas, o que obrigou muitos dos que só estudavam a buscar emprego.
Além disso, houve a demissão dos jovens que estavam empregados e que também passaram a buscar vagas no mercado. A conjugação dessas forças e a ausência de oportunidades de trabalho provocaram a forte elevação em questão.
O crescimento do desemprego entre os jovens contribuiu para a queda da renda média real das famílias ocorrida nos últimos 12 meses (-3,5%).
Os desdobramentos dessa perda são conhecidos. Muitas famílias foram obrigadas a tirar seus filhos da escola particular ou a desistir dos planos de saúde - além de outros prejuízos importantes.
O desemprego dos jovens traz também uma importante repercussão psicossocial. Em casa e sem conseguir emprego, eles acumulam uma grande frustração, que atinge, inclusive, o estado mental dos pais.
Há um desânimo geral quando os jovens se formam e não encontram trabalho. Atualmente, o desemprego atinge muitas profissões qualificadas, como é o caso de engenheiros, economistas, advogados, administradores, entre outras.
No mundo todo, a taxa de desemprego dos jovens é mais alta do que a taxa de desemprego geral da população.
Mas o caso brasileiro é alarmante: cerca de 45% dos desempregados são jovens! Ou seja, dos 12 milhões de desempregados, 5,4 milhões são jovens. É uma situação muito grave.
Por que os jovens sofrem mais desemprego? Quando consultados, os empregadores alegam falta de experiência profissional. Porém, no Brasil, há um agravante.
O piso salarial e os encargos sociais para se contratar um jovem sem experiência são os mesmos que incidem na contratação de um adulto experiente.
Para contornar esses problemas, vários países utilizam os chamados "contratos de formação", por meio dos quais as empresas podem empregar jovens por determinado tempo (em geral 18 meses), com menos despesas de contratação. Isso compensa a falta de experiência dos jovens e estimula sua admissão.
Os contratos de formação são úteis para os jovens, para as empresas e para o governo. Os jovens têm neles uma oportunidade de praticar a sua profissão em ambientes onde apreendem muito.
As empresas podem contratar em definitivo aqueles que apresentam bom desempenho durante o contrato de formação. O governo recolhe contribuições sociais e evita pagar o seguro-desemprego aos jovens desempregados.
O contrato de formação é uma necessidade imperiosa em tempos de recessão prolongada como a atual. Isso porque há muitos adultos experientes desempregados.
Na retomada dos negócios, as empresas darão preferência a empregar quem tem experiência, deixando os jovens para serem contratados depois de esgotado o estoque de adultos experientes.
É preciso criar estímulos para encurtar esse caminho. O Brasil precisa criar por lei os contratos de formação.