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Publicado no Jornal da Tarde, 03/12/2008

O Brasil envelhece e encolhe

O comediante Groucho Marx, frasista de escol, perguntava com ironia: por que vou me preocupar com o futuro se ele nada fez para mim?

No campo da demografia, não se pode pensar assim. Demografia é destino. Com os dados atuais, pode-se saber como será o futuro e o que fazer para se viver melhor.

Hoje, somos 190 milhões de habitantes. O IBGE informa que a população atingirá o pico em 2039, com 219 milhões de pessoas, passando a encolher depois disso. A previsão é de 215 milhões em 2050, contra uma estimativa anterior de 260 milhões.

Isso é fruto da forte queda da fecundidade. Na década de 80, cada mulher tinha, em média, cinco filhos. Hoje, 1,85 e, dentro de vinte anos, 1,5 filho. As famílias brasileiras ficam cada vez menores. A população que trabalha é bastante grande quando comparada com os que dela dependem (crianças). É o que os demógrafos chamam de janela de oportunidade -, uma época em que a sociedade pode melhorar as condições de sua população.

Mas, essa janela vai se fechar em poucos anos porque o grupo dos idosos vai aumentar muito. Hoje são 25 idosos (65 anos e mais) para cada 100 crianças (15 anos e menos). Dentro de vinte anos, serão 100, e em 2050, serão 172 idosos para cada 100 crianças.

Para um Brasil mais velho, as necessidades de serviços de saúde, previdência e assistência social são monumentais. Os demógrafos alertam que os gastos nesses setores subirão de forma galopante, especialmente se os brasileiros continuarem se aposentando com apenas 55 anos de idade.

Mais. As despesas serão incontroláveis de o Congresso Nacional aprovar o projeto de lei do Senador Paulo Paim que termina com o "fator previdenciário", que constitui um estimulo para as pessoas se aposentarem mais tarde.

O governo está aflito com essa possibilidade e, ao longo da semana, propôs aprovar o fim do fator previdenciário em troca do estabelecimento da idade mínima para se aposentar – 60 anos para os homens e 55 para as mulheres. Isso ainda é pouco quando se atenta para o rápido envelhecimento da população.

A maioria dos paises avançados estabelece idade mínima progressiva, chegando até 67 anos. Esse`sistema enfrenta menos resistência por parte da população e dos políticos. É sempre mais fácil aprovar um sacrifício para daqui a 20 anos do que para hoje. Os nossos parlamentares precisariam considerar esse método de proteger as contas publicas para assegurar o atendimento dos mais velhos, com menos desgaste político.