Publicado no Jornal da Tarde, 02/07/2008
Não hostilize os robôs
Nada muda mais depressa do que os robôs. A moda feminina compete com eles. Mas as inovações nos robôs acontecem a cada dia. Os robôs fazem o que os seres humanos não querem ou não podem fazer. Merecem nosso respeito.
Quando estive no Japão em meados dos anos oitenta, visitei a fábrica da Nissan. O que mais chamou a minha atenção foi o bom entrosamento entre os robôs e os trabalhadores.
Ali, todos os robôs tinham sido batizados pelos trabalhadores com nome e sobrenome estampados nos seus crachás. Os mais usados eram os de artistas de cinema. O robô batizado de Marilyn Monroe era o mais bonito. Trabalhava na seção de pintura. Tinha braços e pernas bem torneados e um gingado muito sensual. Seus gestos eram elegantíssimos. Revelavam o orgulho que tinham de trabalhar numa empresa de classe mundial.
Nenhum tinha o charme da Marilyn Monroe. Havia alguns abrutalhados - verdadeiros monstros com vários braços e que transportavam um carro quase pronto de um lugar para outro com a maior facilidade. Não olhavam para ninguém. Caras amarradas. Eram os King Kongs. Horríveis.
Hoje, os robôs evoluíram muito, não só na aparência como na versatilidade. Eles estão nos escritórios, nas escolas, hospitais e até os domicílios. Os robôs ajudam a movimentar papeis, classificar documentos, controlar a temperatura, ensinar crianças, fazer cirurgias, aspirar o chão, varrerem a casa e limparem os vidros no 35º. andar - por dentro e por fora. Eles não têm medo de nada. Penduram-se nos lugares mais perigosos. Há os que checam linhas de alta tensão, no claro e no escuro, sem tomar choque e sem reclamar das suas condições de trabalho. De fato, robô não reclama, não faz greve, não pede aumento e não aciona as empresas. E não são vitimas de abuso sexual ou moral.
Alguns já têm sensibilidade para ver, ouvir, cheirar até se emocionar. Esse é o caso do Aibo, inventado pelos japoneses, que responde com mais presteza quando recebe uma ordem humana em tom de emergência. Ele ajuda portadores de deficiência a se movimentarem, a pegar o telefone, a tirar a comida do microonda, etc.
Esse é o novo mundo dos robôs. Cada vez mais baratos e mais inteligentes. Se você está preocupado em perder seu emprego para o robô, entenda que a situação é de convívio. Eles fazem o que nos não queremos ou não podemos fazer. E ajudam a gerar riqueza que se transforma em investimentos e mais empregos. Sei que muitos robôs são temperamentais, mas lanço aqui uma campanha: não hostilize os robôs. |