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Publicado no Jornal da Tarde, 07/03/2007.

Energia e banheiro

Você já imaginou o que é voar do Brasil à China sem poder ir ao banheiro do avião? É isso que as empresas chinesas começaram a praticar. Na hora do embarque, os passageiros recebem um folheto encarecendo que usem o banheiro do aeroporto e se esforcem para resolver ali seus problemas.

O objetivo é economizar combustível. Cada descarga de um banheiro de avião, a onze mil metros de altura, consome a energia que faz rodar com um carro por dez quilômetros (US Today, de dezembro de 2006). Cem descargas - mil quilômetros – de São Paulo a Brasília.

Como os aviões levam, em média, 300 passageiros e voam o ano todo, a coisa é séria, mesmo porque há sempre aqueles que gostam de observar o vaso depois da primeira descarga e, não contentes com o resultado, dão a segunda e a terceira. Nessas condições, o carro poderá dar a volta ao mundo...

Até ai tudo bem. Todos nós temos de ajudar a economizar energia. Mas não deixa de ser embaraçoso entrar no banheiro de um avião sob os olhares recriminatórios de 300 passageiros que, aliás, também aguçam os ouvidos para saber quantas descargas você vai dar, sem contar os que fazem cara feia para condenar a sua falta de previdência enquanto espera no aeroporto tomando cerveja.

Enfim, a economia está sendo feita. Mas, aos poucos, vai-se perdendo a graça e o sossego de voar, sem falar nos apagões aéreos do Brasil.

Enfim, se você tiver de usar um avião de linha chinesa planeje-se durante uns 8 dias: só alface e pouca de água. E boa viagem!