Publicado no Jornal da Tarde, 07/02/2007.
Dólar no colchão
Você que tem um dinheirinho em dólar, reservado para a sua próxima viagem ao exterior, o que acha da decisão do juiz James Robertson, de Washington (Distrito de Columbia) que obrigou o governo americano a mudar o tamanho das notas de acordo com o seu valor como, aliás, existe na maioria dos países. As notas de 5, 10, 20, 50 e 100 euros, por exemplo, são de tamanhos diferentes.
A sentença atendeu à demanda do American Council of the Blind que acusa o governo – responsável pela impressão das notas – de discriminar os cegos que não podem distinguir uma nota de um dólar de uma de cem dólares por serem do mesmo tamanho.
A sentença do juiz foi publicada em 28 de novembro de 2006. O governo federal já recorreu. Mas o argumento usado de que essa mudança custaria muito caro caiu por terra em face da lei anti-discriminação que exige respeito aos portadores de deficiência. O governo tem a obrigação de dar exemplo em todos os campos, inclusive mudando o tamanho das notas.
Os políticos temem se opor à sentença para não denunciar seu eventual preconceito contra os cegos. Um deputado da Califórnia, Pete Stark, está propondo um pequeno corte nas quinas das notas para permitir o manuseio pelos cegos. Isso seria bem mais barato. Ma criaria uma poderosa industria de falsificadores. E não resolveria o seu problema e o de milhões de pessoas do mundo inteiro que guardam dólares debaixo dos colchões.
A você só resta se desfazer dos "micos" ou acompanhar o desenrolar da apelação, rezando pelo surgimento de uma solução mais amena.
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