Publicado no Jornal da Tarde, 02/08/2006.
A solidão da Internet
Há certas coisas que tratamos apenas com pessoas muito próximas: são os nossos confidentes. Eles têm uma grande importância nas crises e emergências, onde prestam preciosos serviços de apoio emocional.
Como anda a sua rodinha de confidentes?
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que nos últimos 20 anos, o número de confidentes caiu drasticamente. Hoje em dia, o mais comum, é o americano que não conta com ninguém para falar sobre questões importantes de suas vidas. O número de pessoas isoladas triplicou no período estudado (Miller McPherson e outros, "Social isolation in América", American Sociological Review, Junho de 2006).
Embora o isolamento tenha se tornado um problema generalizado, ele se agravou muito mais entre as pessoas de classe média e as mais educadas, coincidentemente, as que usam as novas tecnologias de comunicação de forma intensa.
Os e-mails, ainda que freqüentes, não geram o apoio emocional que se obtém das relações pessoais e diretas. Isso contribui fortemente para a instabilidade dos laços familiares e laborais que cresce a cada dia.
Em suma, com a vida agitada e com o uso intenso das novas tecnologias, o ser humano está perdendo um importante suporte para os momentos críticos da vida.
Tenho a impressão que, consideradas as diferenças culturais, uma pesquisa desse tipo traria resultados semelhantes no Brasil. Por isso, pergunto: Com o correr da sua própria vida, você acumulou mais ou menos confidentes? Desconfio que uma grande parte dos leitores está no segundo caso.
|