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Publicado no Jornal da Tarde, 02/05/2007.

Stress e trabalho

As pessoas que defendem a redução da jornada de trabalho para gerar empregos e melhorar a qualidade de vida não dão conta que a medida pode provocar o inverso.

Ao diminuir a jornada semanal em 10%, é provável que muitas empresas reduzirão o período de funcionamento diário, dispensando empregados. Isso ocorreu depois de 1988, quando a Constituição Federal reduziu a jornada semanal de 48 para 44 horas. As empresas passaram a trabalhar 44 horas e a empregar menos.

Com jornadas mais curtas, cada minuto passa a valer ouro. Isso leva as empresas a exigir muito mais produtividade dos trabalhadores, o que aumenta o stress em lugar de diminuir.

Depois da redução da implantação da jornada semanal de 35 horas, os franceses que trabalham na produção foram submetidos a um regime laboral muito intensivo e hoje se queixam de mais stress.

Os desdobramentos foram inúmeros. Em decorrência da lei que proíbe o fumo nos ambientes de trabalho (fevereiro de 2007), os fumantes franceses foram obrigados a sair dos prédios para manter seu hábito. As empresas, submetidas à jornada semanal de 35 horas, vão descontar cada minuto que seus empregados se afastam do posto de trabalho para fumar.

Em suma, toda vez que se propõe uma nova proteção por lei, convém lembrar que ela vai cair na realidade do mercado de trabalho e as empresas, usando a liberdade que a democracia lhes garante, fazem ajustes para não perder competitividade. É quando o tiro sai pela culatra.