Publicado no Jornal da Tarde, 01/11/2006.
As paixões nacionais
Vejam se estas frases explicam a eleição do Lula.
"O Brasil não gosta do sistema capitalista. Os congressistas não gostam do capitalismo, os jornalistas não gostam do capitalismo, os universitários não gostam do capitalismo... Eles não sabem que não gostam, mas não gostam. Gostam do Estado, gostam da intervenção, do controle... O ideal para eles é um Estado forte e bem estar amplo". Conselho de Fernando Henrique Cardoso a Armínio Fraga quando se preparava para a sabatina do Senado Federal para presidir o Banco Central.
O que deu na ultima eleição? Setenta porcento dos eleitores detestam as privatizações. Gostam da intervenção do Estado, decretando aumento de salários (salário mínimo), antecipando 13º. salário dos aposentados, garantindo vagas nas universidades e entregando a bolsa família em casa.
Não é para menos. A desigualdade é escandalosa: os 10% mais ricos têm 40% da renda, enquanto que os 10% mais pobres tem 1% da renda. Uma brutalidade.
Outra frase: "Na Constituição Federal, a palavra produtividade aparece uma vez; as palavras usuário e eficiência aparecem duas vezes; garantias, 44 vezes; diretos, 76 vezes; e deveres, quatro vezes". Constatação de Roberto Campos, A lanterna na popa, Rio de Janeiro, Topbooks Editora, 1994.
Todos querem proteções garantidas por lei. Ora, se a lei tivesse força para resolver os problemas sociais, não haveria analfabetismo, desemprego, droga e criminalidade no mundo.
Mas, nosso povo pensa assim. Quem quiser mais exemplos, leia o excelente livro de Fábio Giambiagi, A reforma da previdência, o encontro marcado, Rio de Janeiro: Editora Campus, 2007.
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