menos de 10% dos atuais empregos ao longo dos próximos 20 anos (Melanie Arntz e
col., The risk of automation for jobs in OECD countries, 2016).
Ademais, está cada vez mais claro que o ritmo de transformação das atividades
profissionais é mais lento do que se pensa. Uma pesquisa realizada pela McKinsey
sobre mais de 2 mil atividades de 800 profissões indicou que a consolidação das novas
tecnologias depende da superação de restrições de natureza social, institucional e legal -
o que leva tempo (Steve Lohr, Robots will take jobs, but not as fast as some fear, New
York Times, 12/01/2017).
Em todos esses estudos, porém, há o pressuposto de que as pessoas terão capacidade de
se ajustar ao mundo dos robôs e da inteligência artificial. Estes requerem habilidades
cognitivas que dependem do bom domínio da linguagem, da aritmética, da lógica e, em
ultima análise, do bom senso. Quem é carente nessas áreas terá dificuldades imensas
para sobreviver no trabalho daqui para frente.
Os brasileiros, de modo geral, estão nesse caso. A produtividade do trabalho entre nós
está estagnada desde 1980 por força da uma combinação perversa de educação de má
qualidade e pouca inovação tecnológica. Muitas das novas atividades de profissões
atuais assim como as profissões a serem criadas a partir do avanço tecnológico
encontrarão uma força de trabalho sem condições para manter os empregos e a renda
das famílias.
Isso significa que, mesmo no cenário mais otimista acima apontado, o Brasil tem pela
frente o enorme desafio de melhorar muito a educação. Nas escolas, o mais importante é
preparar as pessoas para pensar. As próprias tecnologias modernas propiciam o acesso a
uma grande variedade de cursos on line que poderão ajudar na tarefa de educar
continuamente as pessoas. As nossas empresas, igualmente, terão de evoluir para
propiciar aos seus empregados as oportunidades de qualificação continuada. No mundo
desenvolvido, são inúmeras as empresas que implementam programas de requalificação
e de educação continuada. É igualmente importante o papel que os sindicatos laborais
vêm assumindo na tarefa de reeducar e reajustar os trabalhadores para o mundo das
novas tecnologias. Programas governamentais podem dar suporte a essas iniciativas.
Em Cingapura, por exemplo, os trabalhadores contam com uma bolsa de estudos de
US$ 500 mensais para se reciclarem em cursos oferecidos por 500 escolas credenciadas.
Em suma, seja rápida, seja lenta, a entrada as novas tecnologias no trabalho vão
revolucionar as exigências profissionais e demandar ações concretas para manter a força
de trabalho em condições de atualização permanente para garantir seus empregos e
manter a renda de suas famílias. Essa revolução exige uma grande concertação entre
governo, empresas, sindicatos, escolas e novos métodos de aprendizagem. Esta
concertação deve funcionar bem melhor do que a simples idéia de se dificultar ou
tributar a entrada de novas tecnologias nos processos produtivos.
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Mas, há fatos que precipitam a adoção de automação e, consequentemente, eliminam
empregos. Por exemplo, a elevação abrupta do salário mínimo em muitos estados dos
Estados Unidos provocou a substituição de empregados por maquinas. Muitas redes de
lanchonetes amdericanas, como MacDonald e Wendy estão instalando quiosques de
auto-atendimento em inúmeras localidades dos Estados Unidos. A Miso Robotics
anuncou que, dentre em breve, ofertará no mercado uma maquina que frita hamburguês
automaticamnte e coloca no pão.