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Publicado no Jornal da Tarde, 02/06/2009.

A copa do mundo e os empregos

A escolha das doze cidades para hospedar os jogos da Copa do mundo foi uma injeção de otimismo para os governantes e cidadãos dos vários estados e do Distrito Federal.

A FIFA indicou que inúmeras deficiências precisam ser superadas. Isso implica na realização de uma série de obras que, em muitos estados, constituem desafios de grande proporção. Imaginem o que será necessário para transformar São Paulo em uma cidade transitável para jogadores, torcedores e pessoal auxiliar!

Mas, a animação é grande. O governador José Serra disse que o estado de São Paulo está preparado para investir cerca de R$ 33 bilhões nas obras requeridas.

Essa é a melhor de todas as notícias. Um investimento dessa magnitude em menos de cinco anos vai contribuir de forma decisiva para a geração de centenas de milhares de empregos de todos os tipos, desde os menos qualificados até os mais especializados.

Os investimentos em infra-estrutura têm um colossal impacto na geração de empregos. A construção de uma linha férrea, a duplicação de um aeroporto, a melhoria das rodovias, a expansão das telecomunicações, por exemplo, criam grandes quantidades de postos de trabalho diretos, indiretos e remotos.

Os diretos se referem à construção das obras em si. Os indiretos se ligam à produção dos componentes que entram nas obras e à administração, comércio e serviços demandados pelas obras. Os remotos vão mais longe. Para trás, eles chegam até à produção das matérias primas. Para frente, eles surgem da liberação dos benefícios da obra pronta. Uma boa ferrovia, um bom aeroporto, a melhoria das comunicações ficam para sempre e ajudam a ativar a economia e a desenvolver as cidades e os estados, com impacto futuro em novos empregos.

As estimativas do Banco Mundial indicam que para cada 1% de crescimento na infra-estrutura, corresponde, em média, um crescimento de 1% do PIB. Por sua vez, para cada 1% do PIB, corresponde, em média, 0,5% do emprego.

No Brasil, as pesquisas mostram que R$ 1 milhão investido em infra-estrutura, gera, em média, 163 postos de trabalho! - 30 diretos, 19 indiretos e 114 remotos. Trata-se de um resultado muito expressivo.

Mas, nesse campo, nem tudo são rosas. A história dos grandes eventos esportivos mostra alguns fracassos. As Olimpíadas de Atenas (2004), por exemplo, criaram uma dívida monumental que o país terá de amargar por dez ou quinze anos. Temos de evitar isso. Mais difícil do que o texto dos jogadores, será o teste dos governantes. Temos de ser campeões sem arrasar a economia.