Publicado no Jornal da Tarde, 01/04/2009.
Novos focos de desemprego
O desemprego voltou a subir, tendo passado de 8,2% em fevereiro para 8,5% em março. Só não foi maior porque cerca de 160 mil pessoas desistiram de procurar emprego. Como se sabe, o desemprego decorre do numero de pessoas que procuram trabalho e não encontram. Diminuindo os que procuram, o desemprego se agrava menos.
O governo tem se animado com a retomada de negócios de alguns setores de atividade como é o caso do varejo no comércio e automóveis na indústria.
Apesar disso, o quadro segue preocupante. Em fevereiro foram criados cerca de 9 mil novos empregos formais. Mas isso foi muito pouco em face dos 800 mil empregos que foram perdidos nos últimos quatro meses.
Todas as atividades ligadas à exportação estão sofrendo e despedindo muito. No mês passado o caso mais emblemático foi o da Embraer. Neste mês foram os frigoríficos que exportam carne para várias partes do mundo. E, por trás de tudo, continua o desemprego nas atividades mineradoras e produtoras de metais que também dependem muito da exportação.
Ainda não dá para se vislumbrar uma boa luz no fundo do túnel. Ao contrário, no mês de março apareceu um novo foco potencial de desemprego ligado à forte queda de receita dos municípios brasileiros.
As prefeituras dos municípios com menos de 20 mil habitantes têm apenas 5% de receita própria. Noventa e cinco por cento vem dos governos federal e estadual que reduziram as transferências devido à queda da sua própria arrecadação.
Isso é grave. Afinal, os empregos existem no município. Prefeitura sem dinheiro tem de parar as obras, cortar os serviços contratados e suspender as compras. Tudo isso gera desemprego.
Em outras palavras, a drástica redução de suas receitas que está ocorrendo nos dias de hoje é o prenuncio de desemprego nos dias de amanhã. Até o momento, a redução foi de 12,5% (em relação a igual período em 2008) mas tenderá a crescer na medida em que os cofres dos governos federal e estadual ficarem vazios.
Por isso, a previsão mais realista para a ativação dos empregos tem de considerar um período de, pelo menos nove meses, prazo para os governos recuperaram receitas e para a redução dos juros começar a produzir os efeitos esperados. Ou seja, estamos falando de uma possível reativação do mercado de trabalho só em 2010. |