Publicado no Jornal da Tarde, 05/11/2008.
A crise e o desemprego
Como explicar que, no meio de tanto alarmismo, as taxas de desemprego vêm se mantendo estáveis? No mês de setembro, o desemprego metropolitano ficou igual ao de agosto (7,6%) que, por sinal, havia recuado em relação aos meses anteriores.
Isso ocorre porque as empresas modernas relutam em dispensar o seu mais valioso capital – os empregados.
Mas, é claro, tudo tem limites. Numa primeira fase, as empresas concedem férias coletivas. Numa segunda fase - persistindo o problema - elas partem para os Planos de Demissão Voluntários (PDVs) e antecipação de aposentadorias. Só na terceira fase – de crise prolongada – a dispensa se generaliza, e aí chega o desastre.
Por enquanto a maioria das empresas brasileiras está na primeira fase – das férias coletivas. A grande esperança é que fique nisso.
Mas há uma grande diferença entre o que se quer e o que acontece. As empresas dos países avançados já estão na fase três com muitas dispensas já efetivadas, em especial, nos setores industrial e financeiro. Muitas montadoras fecharam fábricas inteiras e partiram para despedidas em massa. O mesmo vem acontecendo no setor financeiro. Isso vai se refletir nas próximas taxas de desemprego.
E o Brasil, como fica nisso? Os que dizem saber o que vai acontecer é porque estão mal informados. A crise é inigmática.
O grande desafio para o Brasil é evitar o impacto no emprego. Não podemos chegar na fase três. O emprego é tudo, para as pessoas e para a economia. Precisa ser preservado.
Torço para que as medidas adotadas pelas autoridades monetárias consigam manter as empresas na fase um até fevereiro ou março. Isso daria tempo para o crédito voltar a circular e, com isso, animar a produção, o emprego e o consumo interno.
É claro que não será o fim da crise que tem raízes no mundo desenvolvido. Mas, mesmo perdendo uma fatia do comercio internacional, o mercado interno garantiria um nível razoável de emprego e uma taxa de desemprego não superior a 9%, nada mal para quem já amargou 13%.
Se isso acontecer, será o melhor dos mundos. Será a tal marolinha. Caso contrário seremos atingidos por um tsunami.
Os especialistas têm apoiado as medidas até aqui adotadas pelo Banco Central. Oxalá elas tenham o condão de evitar uma débâcle no emprego. Eu estou pondo fé nelas. |