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Publicado no Jornal da Tarde, 22/03/00

Profissões: as dez mais

O ano de 2000 começou com grandes esperanças no campo do trabalho. Passados dois meses e meio, os números confirmam os bons prognósticos. As empresas estão recebendo mais pedidos. Muitas delas já venderam quase toda a sua produção anual. Várias começam expandir e contratar.

Se tudo continuar assim, o Brasil fechará o ano 2000 com mais de 1,5 milhão de novos empregos. Nesse ritmo, terminaremos a primeira metade da década com 8 milhões de novos postos de trabalho.

O que estarão fazendo essas pessoas? Quais as áreas de atividade que vão absorver mais gente?

Respostas seguras à essas questões dependem de pesquisas que o Brasil não tem. Mas o nosso País está inserido na nova economia e terá de acompanhar de perto os movimentos da globalização. Qual é o comportamento das várias profissões nessa nova economia?

As profissões que crescem mais rapidamente são, por ordem decrescente, as seguintes: (1) engenheiros de computação; (2) pessoal de apoio a esses engenheiros; (3) analistas de sistemas; (4) técnicos em bancos de dados; (5) especialistas em publicações baseadas em informática; (6) advogados e pessoal auxiliar; (7) profissionais da área de saúde, em especial, os de atendimento domiciliar; (8) pessoal ligado à educação escolar e não escolar (personal trainers, ensino domiciliar - ou na empresa - de línguas, arte, artesanato, jardinagem, etc.); (9) assistentes nos campos da medicina, odontologia e fisioterapia; (10) reparadores de equipamento eletrônico.

Como se vê, a grande maioria das profissões que crescem depressa está ligada à informática, saúde e educação. Todas requerem uma adequada preparação, exigindo educação bem superior ao segundo grau.

O que vai acontecer, então, com as pessoas que não têm esse nível de educação? Serão elas condenadas ao desemprego e à estagnação?

Felizmente não. Na verdade, vai haver muito mais postos de trabalho para pessoas pouco qualificadas do que para as qualificadas. Esse aparente paradoxo se explica pelo fato das profissões que crescem rápido serem minoritárias, e as que crescem devagar, serem majoritárias.

Por exemplo, os auxiliares de medicina, odontologia e fisioterapia deverão crescer 4 vezes mais depressa do que os professores primários ao longo desta década. Mas, o seu número é relativamente pequeno quando comparado com a enormidade de professores. Por isso, mesmo crescendo devagar, haverá muito mais postos de trabalho para professores primários do que para ao referidos auxiliares.

Esse raciocínio vale até mesmo para as profissões que estão dominuíndo como é o caso dos lavradores, pescadores e boiadeiros; datilógrafos, almoxarifes, telefonistas e caixas de bancos; operadores de computador, empregados domésticos e costureiros.

Isso, porém, não é motivo para aplaudir a baixa qualificação. Com o passar do tempo, as atividades exercidas por esses profissionais passarão a ser realizadas por meios tecnológicos, e eles serão demandados a supervisionar esses meios ou trabalhar em outros setores que exigem mais qualificação. O Brasil precisa educar mais e melhor aqueles que ainda trabalham em profissões que requerem pouca educação. Essa situação não é eterna. Ela vai mudar ao longo de uma geração. É pouco tempo, quando comparado com o atraso que perdura na força de trabalho do Brasil – quatro anos de má escola, em média. É imprescindível queimar etapas.