Publicado no homepage da CNI - 28/03/2002
O "milagre" da educação
As mais valiosas riquezas dos Estados Unidos são a educação de seu povo e a capacidade da sociedade agir rapidamente em casos de dificuldades. Ao se medir o desempenho econômico do final de 2001, os especialistas mais experimentados, ficaram surpresos ao verificar que o país teve um aumento da produtividade de 5,2%.
Trata-se de um acréscimo fenomenal e, como tal, tem preciosas conseqüências para a economia e a sociedade. Pagando a mesma remuneração, essa produtividade faz o custo do trabalho cair para as empresas. Com isso os preços dos bens e serviços produzidos também caem e a inflação se mantém estável ou até regride, o que permite continuar com juros baixos (1,75% ao ano).
Preços menores, inflação cadente e crédito facilitado estimulam a exportação e o consumo doméstico, o que ativa toda a economia, aumenta os investimentos e gera empregos. Os resultados já aparecem. O desemprego caiu de 5,5% no final de 2001 para cerca de 5% no início de 2002.
Um aumento tão exuberante da produtividade reflete o uso racional de vários outros fatores de produção. Alan Greenspan costuma dizer que esse sucesso foi devido à maciça incorporação de novas tecnologias.
Isso faz muito sentido. A revolução tecnológica permitiu produzir muito mais, com muito menos. Esse "milagre" só foi possível devido à alta qualidade do trabalhador que está por trás das máquinas e dos equipamentos. Em outras palavras, foi o amálgama de tecnologia, educação e flexibilidade de contratação que viabilizou uma produção crescente a custos decrescentes.
Os grandes investimentos em educação, realizados ao longo de quase dois séculos, permitiram aos Estados Unidos não só criar muita tecnologia mas, sobretudo, operar bem com elas.
É ingênuo querer comparar os Estados Unidos com o Brasil. Mas temos de reconhecer que, entre nos, não é dinheiro que falta; falta saber gastar. O Brasil investe 5,1% do PIB em educação, enquanto que os Estados Unidos gastam 5,4%, a Alemanha 4,8%, o Japão e o Chile, 3,6% e a Argentina 3,5% países que têm um ensino muito superior ao do Brasil. Ou seja, o Brasil gasta muito, mas gasta mal. Essa é a nova reforma que a educação brasileira exige: eliminar os desperdícios e elevar a qualidade.
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